Dicas para graffiteiros

graffiti



--------------------------------No papel------------------------------


Como fazer seu graffitis no papel:


Desenhe antes e treine bastante em papel até ganhar confiança, prática e habilidade com traços. Depois começe a desenhar em paredes e muros com carvão ou giz de cera. O melhor para começar é usar gis escolar (aquele branco de lousa), pois ele é fácil de ser apagado caso você erre. Se vc já tem prática em papel mas não está tão confiante para "jogar a tinta no muro", uma boa jogada, é treinar na lousa da sua escola na hora da troca de professores, aulas vagas e etc ;-) Você também pode treinar com folhas de cartolina. Basta você colocar ela na parede e rabiscar a vontade, você pode, também, imendar várias folhas de cartolina para conseguir um espaço maior.



Técnicas e estilos.
Lápis, caneta(s) e muito papel na mão... Para se fazer um sketch não tem segredo, basta ter um traço firme e saber o básico para desenhar (o básico é: chegar e desenhar! hehehe), mas aqui você verá algumas dicas para deixar este procedimento bem mais fácil. Eu, particularmente, recomendo essas dicas para quem está começando agora...Não deixe suas mãos esfriarem: Sempre separe um tempinho para ficar treinando, rabiscando, combinando cores, inventando personagens, melhorando suas letras, etc, 2 horas por dia já é o necessário. Dessa forma você vai sempre estar pronto para desenhar denovo.Marcadores de ponta grossa: são sempre bons para treinar suas tag's. As curvas existentes na maioria das letras de graffiti são baseadas nas tag's ("TAG" é a assinatura daquele que fez o graffiti)Uma boa técnica para a criação de letras é contornar tags. Contornando um tag você terá boa parte do seu esboço pronto para pintar.Marcadores de ponta fina: São ótimos para pintar as tags contornadas, mas não se esqueça que para pintar uma tag você precisa de canetas que cubram a outra tinta. Esse é o caso das famosas canetas de gel que são esferográficas com tinta a base de gel ou também as mais famosas ainda canetas SPRAY que tem sua ponta mais grossa como a de uma hidrográfica.Canetas hidrográficas: Também são uma boa pedida na hora de preencher. As canetas hidrográficas, por sua vez, não sobrepôem as outras. O ideal é ter e misturá-las, bem como o lápis de cor.Sempre combine cores novas: delimitando espaços em uma folha de sufite para fazer degradês ou também novs estilos para pintar. Não faça degradês com apenas duas cores. Não que você não deva fazer um degradê com apenas duas cores, mas o ideal é tentar inventar mais estilos pintando com três cores ou mais. Não se esqueça que muitas vezes um graffiti pintado com apenas uma cor de preenchimento fica muito melhor do que se fosse pintado com certas combinações...Tenha seu estilo próprio: Invente, tenha seu estilo desde as letras até o material! Canetas não fazem milagres! Muitas vezes se desenha com lápis ou caneta esferogáfica sómente, e o talento supera qualquer técnica, portanto, descubra qual é a sua: esferográfica, hidrográfica, caneta a base de tinta (caneta spray), etc...Busque exemplos: Quando estiver em dúvida sobre como ou o que fazer, procure por exemplos em revistas, fotos ou até na internet. Mas olha lá hein, não estou dizendo pra você copiar nada! Não copie!!



Esboçando letras


Utilizando o esquema do esqueleto: Uma maneira muito fácil para esboçar letras é utilizando um "esqueleto" da letra antes e depois se passa um contorno por fora do risco, depois é só apagar o risco de dentro (o esqueleto da letra) e finalizar o desenho.






Colocando curvas e enfeites

Outra maneira fácil de se criar letras é, fazendo a letra quadrada (letra de forma) (pode-se usar o esqueleto pra isso) e em cima da letra quadrada vai se montando a letra no estilo do graffiti, colocando curvas, bicos, etc... Primeiro deve-se delimitar os espaços onde serão feitas as letras, de acordo com o que você vai assinar. Inicialmente as letras devem ter o mesmo tamanho e grossura. Após encontrar o melhor desenho das letras, você pode procurar espaços que ficariam melhor, se colocar alguns bicos ou aumentar as curvas.



- Cores. Tons frios ou quentes?

Muitos pieces que vemos se destacam pela combinação de cores que foi usada. Isso não é na sorte, exitem fundamentos e aqui você saberá um pouco mais sobre eles.
Existem cores quentes e frias, são elas:
Quentes: Vermelho, Amarelo, Laranja e tonalidades dessas cores.
Frias: Azul, Verde, Cinza, Roxo e tonalidades dessas cores.
As combinações podem se feitas só com tons frios, só com tons quentes e misturado, mas quando se mistura, sempre um tem que prevalecer. Por exemplo, voce fez um piece todo em tons de azul, fortes e fracos, se voce por um detalhe de laranja ou amarelo, vai valorizar seu trabalho, mas agora, se você usar meio a meio, azul e amarelo, seu piece não vai ter um bom resultado em relação as cores.
Tons do mesmo tipo, por exemplo, quentes, podem ser usando meio a meio, pois são as tonalidades que irão dar harmonia ao trabalho e não uma parte especifica que será detalhada.
Pieces com uma só cor, se bem usada, pode ter um resultado muito bom, mas daí o legal é ter no mínimo 3 tons pra poder trabalhar. Pra fazer o piece ter mais vida, um subcontorno com uma cor que destaque ajuda.



Efeito de sombra

O efeito de sombra é praticamente o mais usado em letras de graffiti, e também é muito fácil de ser feito. Aqui, eu vou dar uma noção bem básica do efeito de sombra, com a prática, o efeito vai se tornando cada vez mais fácil e customizável. Depois de desenhar as letras (ou outro objeto que você queira aplicar sombra), faça traços leves (para depois poder apagá-los mais fácilmente) nos cantos do desenho, na direção que desejar, mas todos os traços devem seguir na mesma direção.Agora


Agora é só pintar a sombra. Um degadê daria uma impressão de "realidade" na sombra, pratique como no exemplo abaixo:
Volume
O volume dá uma impressão de "profundidade" ao desenho. A partir do volume, é possível criar diversos efeitos 3D muito fácilmente. No começo, o esquema é o mesmo da sombra. Faça traços leves nos cantos do desenho, na direção que desejar, mas todos sempre na mesma direção. No efeito de sombra, quanto maior o traço, mais longe a sombra ficará do desenho, já no volume, quanto maior o traço, maior será a profundidade do efeito.

Perspectiva

O efeito de perspectiva é práticamente igual ao de volume, mas ele dá uma impressão de profundidade e movimento do desenho. Pense numa linha imaginária e determine nessa linha o ponto de fuga. Agora faça as letras (ou outro desenho). Com traços bem leves, ligue as pontas (vértices) do desenho ao ponto de fuga, obtendo linhas de fuga. Marque no meio das linhas de fuga o comprimento que desejar dar ao objeto.




-------------------------No muro------------------------------------




Primeiro piece


1 - Uma lata de latex branco é a base de um bom graffiti. Normalmente, o ideal seria limpar ou lavar a parede com tinta latex de boa qualidade. (Não use cal, pois ela absorve a tinta spray ;-)) Para conseguir um bom resultado, você deve aplicar pelo menos, duas demãos de latex no lugar onde vai graffitar. Isso faz com que o trabalho dure mais tempo.
2 - Você pode usar rolos de 5 a 10 cm para fazer letras, ou de 3 cm para esboçar desenhos. Pincéis podem fazer milagres na hora de ober pequenos detalhes ou contornos, caso o muro ou a parede tenha buracos.
3 - A base deve ser inicialmente branca, pois esta cor aceita facilmente o seu graffiti e também evitará o risco de que alguma sujeira coprometa o seu trampo.
4 - Se você for fazer um piece com tinta latex as bisnaguinhas de tinta são indispensáveis! Tenha sempre várias delas. As bisnaguinhas de tinta são os corantes usados para o latex, a fim de se obter a cor desejada.
5 - Tenha sempre a mão alicates para fechar os pinos do spray e abrir latas de tinta (nem que você tenha que pedir um emprestado para o dono do muro) e estiletes para cortar a máscara de papel.
6 - É recomendável, também, usar uma máscara para se proteger do cheiro da tinta, principalmente se você tiver algum tipo de alergia a tinta ou ao cheiro dela

Dicas »» Degradê com tinta latex


O primeiro passo será determinar as cores que serão usadas, tomando sempre o cuidado com as misturas, nada que não combine (vá na dica das cores para saber mais). De preferência use dois tons de uma mesma cor, um escuro e um claro.
Detrmine um limite para as cores e pinte com os dois tons.



O pincel deve correr sempre no sentido do limite das cores. Ou seja, se o limite for na vertical o pincel correrá de cima para baixo ou vice versa, e se o limite for na horizontal o pincel deverá correr da direita para a esquerda ou vice versa.
Sempre limpe o pincel para o uso de cada cor. Quando for mesclar as cores o pincel deve estar totalmente seco.
O mais fácil a se fazer na hora de mesclar é: Tinta escura entra na tinta clara. Porque, dependendo do tom usado, a tinta mais clara pode não aparecer na escura (isso pode depender da qualidade do latex também)
Cuidado com as cores. Existem cores que, apesar de diferentes, tem tons mais ou menos iguais e na hora de mesclar vai ficar uma merda só. Para que isso seja evitado, treine antes no papel. Você pode desenhar uma letra solta no papel e depois pintar para ver no que dá ou fazer umas tiras (como as do exemplo acima) e pintar com lápis de cor e canetinhas
hidrográficas (saiba mais nas dicas de sketch).




Dicas »» Fotografe melhor o seu graffiti


Se estiver com pouca luz (ou anoite), use um filme tipo 400 asas.
Tente tirar a foto o mais próximo possível do graffiti, mesmo que mais tarde você tenha que montar as fotos. Isso é para pegar todos os detalhes, inclusive a textura da parede.
Se o graffiti for muito longo, você deve tentar fechar o quadro da foto.




exemplo:

Normalmente, o ideal seria manter uma distância de aproximadamente 3 metros e, mais ou menos, ir de 5 em 5 passos para o lado, sem perder a distância e o ângulo reto que você começou.
DICA: Sobreponha mais ou menos um metro de uma foto para outra, como margem de erro. Tente não contar personagens nem tags.







Eliminando postes e obstáculos.

Para eliminar o poste (ou qualquer outro obstáculo) na hora de fotografar um graffiti não é nada difícil. Se você pensa que vai ter de derrubar o poste para fotografar o graffiti sem falhas(rs), está redondamemte enganado!! Confira:


Primeiramente fotografe a parte que está à esquerda do obstáculo.

Depois, fotografe a parte direita do obstáculo.

Por ultimo, utilize a margem de erro (leia acima) da foto para fazer a melhor sobreposição das fotografias.
Fazendo a melhor sobreposição do encaixe você pode cortar e juntar, tirando o obstáculo indesejado...



-----------------------------Tinta--------------------------------




Dicas de spray


Algumas dicas para aproveitar melhor sua lata.
Caso não tenha dinhero, começe com dois sprays, nas cores preto e branco. Com o preto, você pode controlar seus contornos e definir o "peso do desenho". Com o branco, você pode dar brilho e mais vida ao desenho. Depois de algum treino, você poderá criar um efeito 3D
DICA: No branco, use spray cinza-claro para criar efeito de sombra. Uma boa dica é juntar duas técnicas de graffiti, como a do spray e modelos vazados. Para dar um efeito 3D você deve cortar papel cartão (fazer moldes vazados) em torno do seu graffiti para obter uma proteção para outras áreas do desenho que não devem receber spray.
Assim você pode dar um degradê de tons como sombra, efeito de luzes e volume. O spray cria um 3D com um custo bem baixo. ;-)
Deixando o traço mais fino.
DICA BÁSICA: Sempre guarde os pinos das latas de spray que vão se acabando... A camada de tinta seca que fica na ponta do bico deixa o traço cada vez mais fino com o tempo. ;-)
Você também pode deixar seu traço de spray mais fino: usando um alicate para apertar (afinar) o canudinho que fica no pino do spray, assim, a quantidade de tinta que passa pelo canudinho será bem menor, deixando o traço mais fino.



TIRE O AR DA LATA: Esse é o jeito mais fácil de deixar o traço de spray mais fino. Faça o seguinte: Pegue a lata de spray, vire-a de cabeça para baixo e aperte... No início você deverá se assustar e dizer "- Mas que porra é essa?! Por que está saindo a tinta??" mas não se preocupe pois vai sair um pouquinho de tinta mas logo só vai sair AR. O ar (DA LATA, CLARO!) é a pressão para que saia a tinta, se você tira um pouco do ar a lata vai ficar com menos pressão o que deixa o traço mais fino. Mas PELO AMOR DE DEUS, tome muito cuidado para não tirar TODO o ar da lata senão não vai sair mais tinta nenhuma!





Faça seu canetão.


MATERIAIS:

2 Potinhos de tinta PILOT TR37 REABASTECEDOR DE PINCEL ATÔMICO conteúdo 37 ml, da cor que preferir: azul, vermelho, preto, verde ou azul.

Alguns pedaços de feltro (o feltro cinza absorve melhor a tinta).

Estilete, cola Super Bonder e Durepoxi

Muita paciência e tempo livre...







COMO FAZER:

Retire as tampas, vamos seguir como exemplo 2 tampas pretas, corte só uma das tampas com o estilete, tirando sua ponta. Então você vai ficar com uma tampa normal (como veio no tubo) e outra com sua ponta cortada (como se fosse um anel). Tendo as 2 tampinhas em mãos, vamos colar a tampinha que está inteira emcima da que foi cortada. Cole primeiro com o Super Bonder e depois que secar passe o Durepoxi em toda a sua volta, o que irá isolar toda entrada de ar ao fechar a caneta. Já temos, então, a tampa do knetão. OBS: A tampa deve ser feita primeiro, depois que secar a massa de Durepoxi que está em volta da tama, dê prosseguimento ao knetão.

Vamos cortar agora o feltro nos seguintes tamanhos: 6,0cm de comprimento por 1,3cm de largura e 1,0cm de espessura (o feltro já é vendido com essa espessura).
Nós já temos a tampa e o feltro cortados, agora é só montarmos a bagaça!!
Pegue o tubo de tinta PILOT TR37, retire a segunda tampa (a tampa branca que fica embaixo da preta). Retire-a com cuidado para não vazar tinta. Insira bem devagar o fetro sobre a entrada do tubo deixando uma ponta de 1,3cm para o lado de fora do tubo, para que seja mantida a úmidade de tinta no feltro.
Pronto!!! Agora que o knetão está feito, vire-o de kbeça para baixo de uma leve apertadinha para que a tinta desça até a ponta do bagulho! Agora é só tampar o barato bem devagar e guardar sempre em pé para evitar possíveis vazamentos.





Misturando duas latas de spray.


MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS:
1- Duas latas de spray, de preferência os dois da mesma marca (tinta automotiva Colorgin).
2- Retirar de uma caneta BIC vazia, o tubinho transparente da carga e cortar no tamanho de 20mm (obs.: o tubinho deve estar totalamente vazio e limpo).







COMO MISTURAR AS CORES DE UM TUBO PARA O OUTRO:

1- Você deve em primiro lugar selecionar as cores que vão ser misturadas. Vamos tirar como exemplo um tubo de spray vermelho e um amarelo, no caso vamos obter um resultado da cor laranja. Coloque o tubinho que retiramos da caneta entre as duas latas que vão ser misturadas. Basicamente você terá que usar um tubinho que se encaixe perfeitamente na lata, no caso, estamos usando o tubinho da caneta Bic. Este tubinho pode ser usado inúmeras vezes, pois poderá ser lavado com thinner a cada uso.

2- Coloque a lata de spray, que você vai aplicar a tinta , no caso o tubo da cor amarela no congelador (freezer) por 15 a 20 minutos, é necesário que fique no congelador para que a pressão de dentro da lata abaixe. A outra lata no caso a vermelha, deve ficar normal, em temperatura ambiente.

3- Retire a lata do freezer e misture imediatamente, a pressão da lata que estava no freezer (amarela) está menor da que estava fora (vermelha) por isso deve-se misturar antes que volte a temperatura ambiente. Se você quiser que a cor fique bem clarinha, então deve pressionar uma lata sobre a outra por apenas alguns segundos. ATENÇÃO: a cor que você quer misturar, a cor que você deseja que entre, (a tinta amarela) deve sempre ficar por cima do tubo que vai mandar a tinta (vermelha).

4- Agite bem o tubo que entrou a tinta retire o tubinho e experimente pintar em algum lugar, para verificar se misturou no tom desejado. Se deu certo, aí você não terá mais problemas em ter suas cores cores para fazer seus graffitis.(Obs.: não misture diferentes texturas ou marcas, procure usar sempre tubos de spray da mesma marca, de preferência Colorgin, Krilon, Marson e outros. Se você misturar marcas diferentes diferentes poderá haver uma reação química e estragar a tinta.

a 4 metros o garotinho tremeuu

Pensamentos do Graffiti

PENSAMENTO DO GRAFFITI

Desde a pré-história que o Homem sente necessidade de se expressar no seu meio e as
inscrições ou desenhos em rochas, muros e paredes são usados com vários significados
e objectivos desde há muito tempo. Nos dias que correm, não é difícil para quem circula
em algumas áreas das cidades e arredores deparar-se com uma enorme quantidade de
figuras verbais e não verbais, de formas mais ou menos elaboradas, feitas ilegalmente
(ou legalmente) com tinta spray em locais públicos ou privados, como paredes, muros,
junto às vias de circulação e estações de comboios, enfim, um pouco por toda a parte, o
graffiti é algo que podemos observar quotidianamente nas áreas urbanas e semi-urbanas.
As práticas do graffiti, assim como o rap e o break-dance, são consideradas
componentes características do movimento hip hop que surgiu nos bairros mais
estigmatizados dos Estados Unidos, nomeadamente em Nova York, durante a década de
70, impulsionado por Afrika Bambaata, quando um amigo seu, membro do seu gang, é
morto pela polícia. Bambaata tomando consciência da violência e das condições de vida
existentes no Bronx, abandona o gang e dedica-se à música, criando um movimento
apolítico, Zulu Nation, anti-violência, anti-racismo, assente em princípios como o
respeito pelo próximo e pela diferença, a solidariedade, a tolerância e a criatividade.
Os “tags”, são a vertente mais antiga do graffiti e, de facto, eram já utilizados nos anos
trinta por diversos gangs americanos como forma de demarcação de território. A “moda”
voltou alguns anos mais tarde entre os jovens provenientes dos guethos negros e dos
bairros pobres dos EUA. O “Tag” identificava o seu nome e o número da sua rua. O
fenómeno atingiu a Europa nos anos oitenta e em Portugal surgiu no final dessa década.
Foi o desenvolvimento dos meios de comunicação de massas que permitiu a difusão
deste movimento cultural praticamente à escala global, incluindo, obviamente, Portugal,
que é o caso de que aqui tratamos. De facto, num espaço de tempo relativamente curto
vimos as paredes das nossas cidades encherem-se de desenhos coloridos, muitas vezes
indecifráveis para o olhar de qualquer transeunte, mas que se tornaram demasiado
presentes e evidentes na nossa vida para que se possa por eles passar sem lhes concedermos
um olhar mais demorado, sem os tentarmos compreender, sem os questionarmos
sociologicamente.
O presente estudo pretende então compreender antes de tudo quem são estes “graffiters”
ou “writers”, que artistas ou vândalos, nos enchem as paredes cores. Trata-se de uma
análise exploratória, que visa acima de tudo uma abordagem descritiva, mas, também na
medida do possível compreensiva dos processos e condições que envolvem a criação do
graffiti, das representações, valores e atitudes dos jovens “writers” face ao graffiti em si,
à sociedade que os rodeia e da qual apesar de tudo fazem parte, da família e dos grupos
de amigos, das suas perspectivas futuras, das suas (des)motivações mas, principalmente
tentar perceber o que está por detrás destas práticas, o que pretendem estes jovens
comunicar através dos seus desenhos. Em, suma, com os resultados deste estudo
esperamos poder contribuir para um melhor e maior conhecimento e compreensão deste
grupo de população jovem, das suas motivações, experiências e expectativas

Mundo do Graffiti

Foi nossa intenção ao efectuar este estudo, aprofundar o conhecimento sociológico
sobre as dinâmicas do Mundo do Graffiti. Ou seja, perceber que motivações estão por
detrás desta prática juvenil, que significados lhe são atribuídos, o que pretendem
transmitir estes jovens com os seus desenhos, que expectativas nutrem em relação ao
graffiti. Esperamos ainda com este trabalho perceber o posicionamento destes jovens
relativamente à concepção do graffiti como uma forma de arte. Ou seja, não é novidade
que o graffiti é comummente associado a vandalismo, a delinquência, a jovens de
bairros sociais e de classes mais desfavorecidas. No entanto, alguns dos jovens graffiters
empenham-se em diversas estratégias de legitimação que tentam transmitir uma
imagem positiva, construtiva e artística do graffiti. Resta também saber se a entrada do
graffiti nos circuitos legais e as estratégias de legitimação e integração são da iniciativa
dos próprios writers ou das autarquias, com vista a integrar e controlar o fenómeno,
evitando que se propague na sua vertente ilegal e marginal, provavelmente com maior
prejuízo de todos.
Para tal foram contactados jovens writers que se dedicam essencialmente ao graffiti,
legal e ilegal, e outros que se dedicam mais ao bombing, forma rápida de pintar tags
(assinaturas), com pouca elaboração das letras e pouco colorida, sendo este, usualmente,
o mais associado ao vandalismo.
A recolha da informação não foi contudo isenta de problemas, pois se se verificaram
algumas dificuldades no contacto com os jovens que se dedicam ao graffiti, originadas
por uma certa desconfiança e logo, uma certa relutância em conceder-nos entrevistas,
quem nos criou verdadeiros problemas de aproximação, foram de facto os jovens do
bombing. Desde desconfiarem das nossas intenções e nos confundirem com polícia até,
desmarcarem as entrevistas à última da hora ou simplesmente “desaparecerem” do
horizonte, tudo aconteceu.
Os prazos a cumprir para a execução desta pesquisa, não nos permitiram, infelizmente,
abordar todas as dimensões de análise desejáveis. Mas dado que existe muito pouca
informação empírica e estudos sociológicos efectuados sobre este objecto de dimensão e

visibilidade cada vez maior na nossa sociedade, ficam decerto deste estudo
(exploratório) inúmeras pistas a seguir em estudos futuros.
Este trabalho foi organizado em cinco capítulos: começa com a definição do objecto de
estudo, seguido, do enquadramento teórico e da problemática que orientou o estudo. O
terceiro capítulo refere-se à metodologia utilizada e à caracterização da amostra. O
capítulo seguinte refere-se às observações retiradas da nossa pesquisa no terreno e
prosseguimos no quinto capítulo com a análise da informação e com a consequente
verificação das hipóteses iniciais e por último apresentamos uma síntese conclusiva
deste estudo. Em anexo encontra-se além de um glossário dos termos específicos ao
graffiti, o quadro que construímos para a análise das classes ou mais propriamente das
categorias sócio-profissionais em que se inserem os nossos entrevistados. Em anexo está
também o guião da entrevista e as transcrições integrais de oito das onze entrevistas
efectuadas. Mais uma vez, os prazos a cumprir não nos permitiram continuar a
transcrição das últimas três entrevistas. No entanto, foram, evidentemente devidamente
analisadas, ficando apenas a faltar a sua transcrição integral.